terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Metal na Copa 2014 - Grupo D


E aqui está a 4ª parte da série "Metal na Copa 2014". Neste post, trazemos bandas oriundas dos países que formam o Grupo D do torneio.



URUGUAI - Cuchilla Grande


Formado em 1996, na cidade de Montevidéu, o Cuchilla Grande define seu som como metal criollo, que pode ser explicado como metal tradicional com influências de música tradicional uruguaia e letras nacionalistas. Com apenas dois discos de estúdio (um LP e um EP), a banda é bastante conhecida nos países sul-americanos de língua espanhola.

Ouça abaixo a faixa "Cabeza de Tractor", presente no seu único LP, Purificación, de 2005.



COSTA RICA - Sight of Emptiness


Banda formada no ano de 2005. O som dos costa-riquenhos é um melodic death metal bastante influenciado por bandas como At The Gates, In Flames e Behemoth. Já lançou 3 LPs de estúdio.

Vejam o clipe de "Predictable Tragedy", faixa de abertura do disco de 2009, Absolution of Humanity



INGLATERRA - Carcass


Alguém na internet já definiu o Carcass como "os Beatles do metal extremo". A comparação faz sentido, pois, assim como o "Fab Four", o conjunto liderado por Jeffrey Walker foi formado em Liverpool (no ano de 1985) e é considerado um dos mais influentes do seu gênero - além de ser considerada a maior inspiração para a maioria das bandas de grindcore/deathgrind (som praticado por eles no começo da banda), a banda também é tida como uma das fundadoras do melodic death metal, som que praticam atualmente. Possui seis LPs de estúdio, sendo o último deles, Surgical Steel, de 2013, lançado após um hiato de 17 anos sem material novo (a banda ficou inativa de 1996 a 2007).

Abaixo, o vídeo da faixa-título do disco Heartwork, de 1993.



ITÁLIA - Fleshgod Apocalypse


A banda romana iniciou seus trabalhos em 2007 e conseguiu um certo destaque no cenário do death metal mundial ao aliar um som extremíssimo com belos arranjos orquestrais. Já lançaram 3 LPs de estúdio (além de um EP).

Confiram abaixo o videoclipe da música "The Forsaking", faixa extraída do álbum Agony, de 2011.



Não percam a próxima parte da série, que trará bandas dos países do Grupo E - Suíça, Equador, França e Honduras.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Metal na Copa 2014 - Grupo C


Hoje serão apresentadas, dando continuidade à série "Metal na Copa 2014", bandas representantes dos países que compõem o Grupo C.


COLÔMBIA - Inheritor


Fundado em 2008 e com apenas um LP de estúdio lançado, o Inheritor faz uma mistura bem competente de death metal com melódico, com direito a "duelos" entre vocais melodiosos femininos e guturais masculinos. Os colombianos estão para lançar seu novo disco com uma mudança nos vocais femininos da banda em relação ao álbum anterior (a americana Aliyah Davis subsititui Vicky Mejía).

Confira abaixo o vídeo da faixa "A Fading Caress" (ainda com a vocalista anterior), presente no álbum de 2010, From Dust 'n Passion.



GRÉCIA - Rotting Christ


Os gregos do Rotting Christ começaram no ano de 1987, fazendo black metal, som que foi abandonado com o passar dos anos, quando incorporaram o gothic metal ao seu som em meados dos anos 90. Atualmente, fazem o chamado dark metal (que nada mais é uma fusão entre os subgêneros extreme e o supracitado gothic) com alguns elementos de música folclórica europeia. Já gravaram até o momento 11 álbuns de estúdio.

Durante a carreira, a banda passou por polêmicas em diversos países nos quais se apresentariam devido ao conteúdo anti-cristão de algumas de suas letras. Um dos episódios mais recentes e comentados foi do cancelamento dos shows que eles fariam em maio de 2005 como abertura para as apresentações do Megadeth na Grécia - cancelamento pedido pelo líder do grupo americano, Dave Mustaine, que havia se convertido recentemente ao cristianismo; tal pedido gerou críticas de vários fãs e bandas, incluindo aí cristãos.

Vejam abaixo o vídeo da música "Keravnos Kyvernitos", presente no álbum Theogonia, lançado em 2007.



COSTA DO MARFIM - NÃO TEM!!!

Assim como Camarões, não há registro de bandas marfinenses de metal. Uma pena!


JAPÃO - Loudness


Uma das bandas de heavy metal mais conhecidas e populares da Terra do Sol Nascente, o Loudness (em japonês: ラウドネス) começou em 1981, tendo lançado até a presente data 25 álbuns de estúdio, revezando músicas e discos em inglês e japonês.

Uma curiosidade: a banda tentou em meados dos anos 80 fazer sucesso nos Estados Unidos. Apesar de seu primeiro disco americano, Thunder in the East, de 1985, ter feito sucesso por lá, o tiro acabou saindo pela culatra, pois, além do sucesso na América não ter sido o esperado - mesmo tendo trocado depois de alguns anos o vocalista original, Minoru Niihara, por um cantor americano (Michael Vescera, que depois tocaria com Yngwie Malmsteen e Dr. Sin; Niihara voltaria em 2001) -, a base de fãs no seu país natal diminuiu consideravelmente na época.

Confiram o clipe do clássico "Crazy Nights", que faz parte do disco Thunder in the East, de 1985.



Na próxima postagem, bandas oriundas dos países do Grupo D - Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália. Aguardem!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Metal na Copa 2014 - Grupo B


Dando continuidade à série de postagens "Metal na Copa 2014", são trazidas hoje bandas dos países que farão parte do Grupo B.


ESPANHA - Mägo de Oz


O som do grupo, fundado em 1989, é um power metal com forte influência da cultura celta, chegando a ter na sua formação um flautista e um violinista. Ao contrário do que possa parecer, suas músicas não são cantadas em inglês, e sim em espanhol. Possui 11 discos de estúdio.

Abaixo, o clipe da música "Fiesta Pagana", presente no disco de 2000 Finisterra.




HOLANDA - Ayreon


Trata-se do principal projeto musical do multi-instrumentista e produtor Arjen Anthony Lucassen. O som do Ayreon funde heavy metal e rock progressivo (embora nem todas as músicas possam ser definidas como prog metal), além de conter pitadas de folk, música clássica e eletrônica.

O Ayreon lançou 8 discos que podem ser definidos como "rock operas" por possuírem em suas músicas complexas storylines com vários personagens - cada um destes personagens é, na maioria dos discos, interpretado por um vocalista. Não faz shows, nem possui formação fixa - o músico que mais se aproxima de ser um integrante fixo da banda é o baterista Ed Warby, que grava com o Ayreon desde o 3º álbum, Into the Electric Castle -, sendo seus integrantes músicos convidados para cada álbum, sendo vários deles músicos de renome, como os vocalistas Bruce Dickinson (Iron Maiden), Fabio Lione (Rhapsody of Fire) e Hansi Kürsch (Blind Guardian), o guitarrista Steve Hackett (ex-Genesis) e os tecladistas Rick Wakeman (ex-Yes) e Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer).

Confira a seguir o videoclipe da música "Beneath the Waves", que faz parte do álbum 01011001, lançado em 2008.



CHILE - Alejandro Silva Power Cuarteto


Como o nome indica, trata-se de uma banda formada em função do guitarrista Alejandro Silva. A banda chilena, formada em 1999, faz rock e prog metal instrumental. Possui 3 discos de estúdio lançados. Som bem técnico e interessante.

Assista abaixo à performance da banda tocando "ErRock", faixa do disco Dios Eol, lançado em 2002.



AUSTRÁLIA - Mortification


Fundada em 1990, o Mortification é uma das bandas cristãs mais conhecidas no mundo. Com um metal extremo muito bem executado e letras que fogem de clichês cristãos batidos e de simples pregações, o Mortification não agrada somente a fãs religiosos, fazendo do conjunto australiano um dos mais lembrados do seu gênero. Lançou 13 discos de estúdio até o momento.

Confiram abaixo o vídeo da faixa-título do disco Scrolls of the Megilloth, de 1992.



Com isso, encerra-se a segunda postagem da série "Metal na Copa 2014". Continuem acompanhando o blog, que nos próximos dias serão trazidas bandas correspondentes aos países do grupo C - Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão.

Metal na Copa 2014 - Grupo A


Como prometido anteriormente, aqui estão bandas recomendadas de acordo com os países que participarão da Copa do Mundo 2014 pelo grupo A. Relembro que a postagem busca fugir de algumas "obviedades"; portanto, não espere ver o Sepultura aqui (até porque o Sepultura é audição obrigatória).


BRASIL - Gangrena Gasosa


Eu poderia ter selecionado muitas bandas para entrar aqui, visto que o que não falta no Brasil são bandas competentíssimas. O Gangrena Gasosa foi escolhido por se tratar de uma banda que só poderia ter nascido aqui, por conta do seu som batizado pela própria banda de "Saravá Metal" - a saber, metal e hardcore misturado com pontos de umbanda. Com três discos de estúdio lançados, a banda é conhecida pelas apresentações intensas com figurinos e cenários que remetem às religiões afro-brasileiras (seus integrantes se caracterizam como entidades no palco, como Zé Pilintra, Pomba Gira, entre outros) e por suas músicas com letras bem-humoradas cantadas em português.

Veja abaixo o vídeo da música "Cambonos from Hell", do álbum de 2011, Se Deus É 10 Satanás É 666.



CROÁCIA - War-Head


Surgido em 2002 na cidade de Osijek, o trio croata tem dois LPs de estúdio lançados. O War-Head faz um death/thrash bastante competente, chamando a atenção de quem gosta dos gêneros.

Abaixo, o vídeo da música "Away", presente no disco Still No Signs of Armageddon, de 2011.



MÉXICO - The Chasm


Fundada em 1992 na Cidade do México, o trio mexicano (que agora reside em Chicago, EUA) mostra-se bastante competente no seu death metal com algumas influências de thrash, black e prog metal. Tem 7 LPs de estúdio lançados. Uma banda que deveria ser bem mais conhecida.

Ouça abaixo "Vault to the Voyage", do disco Farseeing the Paranormal Abysm, de 2009.



CAMARÕES - NÃO TEM!!!!!!!

Pois é... Camarões, aparentemente, não possui em seu território nenhuma banda de metal, qualquer que seja o subgênero. Que coisa, hein?!


Não percam a próxima postagem, que trará bandas oriundas de países do Grupo B da Copa 2014 - Espanha, Holanda, Chile e Austrália. Qualquer sugestão será bem-vinda. Até lá!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Metal na Copa 2014 - Introdução


Nos próximos dias, o Lampião Cult trará algo diferente: em vez das habituais resenhas, será mostrado um pequeno compêndio de bandas de metal a serem ouvidas. Como recentemente foi realizado o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, serão mostradas bandas que estão espalhadas pelo mundo, com cada uma delas representando um país que participará do torneio. Será uma série de oito postagens (número de grupos da Copa), com a primeira mostrando bandas "representantes" de países membros do Grupo A, a segunda sendo composta pelo Grupo B, e assim sucessivamente. Vai ser interessante até para nós essa pesquisa, pois não é sempre que pensamos em bandas de países como Camarões, Irã e Coreia do Sul.

Ah! Um aviso: não esperem bandas óbvias, como Iron Maiden/Judas Priest/Black Sabbath representando a Inglaterra, EUA sendo representados por Metallica, ou Sepultura e Angra disputando pelo posto de banda brasileira escolhida. A ideia principal é apresentar bandas que até podem ser consideradas clássicas, mas não estão tão em evidência como as citadas há pouco.

Quem quiser mandar sugestões de bandas pode usar a seção de comentários do blog (essa que ninguém usa :D ).

Esperamos vocês nas próximas postagens!

sábado, 26 de outubro de 2013

Shigeki no Kyojin (Attack on Titan)


Imagine que você, seus pais e avós passaram a vida toda em uma cidade cercada por muros enormes. Você não sabe exatamente o porquê disso. Só sabe que é perigoso andar lá fora. Um belo dia, você olha pra cima e dá de cara com uma cabeça humana enorme. E ela quer lhe comer (literalmente falando). Isso é o começo de Shingeki no Kyogin (Avanço dos Titãs em português, Attack on Titan em inglês). E antes que vocês recomendem isso para seus primos pequenos, só adianto que este anime é para adultos.

Na história, a humanidade encontrou um predador natural. Gigantes de no mínimo 3 metros de altura. Alguns chegam a 10 metros. Os humanos que sobraram construíram uma muralha enorme de 50 metros de altura para se proteger. Funcionou bem por 100 anos...

O anime é cru. É tensão total do início ao fim do episódio. A humanidade tenta revidar, mas as baixas são grandes demais. Muitos deixam o pânico se instalar. Nas cenas onde os gigantes não aparece, existe uma tentativa por parte das pessoas de levar uma vida normal, apesar das muralhas. Mas sempre existe alguém incomodado com aquilo. Alguém que sempre quis ser livre e não pode. Alguém que acha que se deve enfrentar os gigantes e matá-los. Outros, querem apenas se esconder e levar suas vidas normalmente. De cara, já percebemos a carga psicológica que o anime traz. A relativa paz fez com que muitos esquecessem o real perigo. Muitos se acostumaram a viver presos. Aí tudo muda quando os Titãs aparecem e invadem a cidade. Os supostos soldados que deveriam estar preparados para enfrentar os gigantes se deixam tomar pelo pânico. Os corajosos acabam morrendo e suas mortes desesperam outros soldados. Ao povo, só resta correr e se proteger. No final das contas não existem homens, mulheres ou crianças. Só o que resta são presas lutando para sobreviver do ataque dos predadores.



Os gigantes são meio lerdos e muito misteriosos. Algumas perguntas ficam no ar quando você assiste o primeiro episódio: Se os gigantes só comem humanos, e se toda a humanidade está confinada há 100 anos, como eles não morreram de fome? Como eles se reproduzem, já que não têm órgãos reprodutores? E não mencionei os rostos dos gigantes. São psicóticos. Fazem você ter medo deles. Outros rostos são inocentes e puros, mas eles não mostram nenhuma reação. Graças ao belo traço do anime, as feições dos gigantes são um show à parte.



Outro aspecto interessante do anime é que não existe um humano super bad ass que mata todos os gigantes e toda a humanidade depende dele. QUALQUER UM pode virar petisco. O autor deixa isso bem claro nos primeiros episódios. Se você é um daqueles caras que gostam de torcer sempre pra uma só pessoa, esse anime pode não ser bom pra você. O anime é focado em um grupo de 10 pessoas, com 3 personagens principais. Mas eles na minha opinião não são o principal foco. Os gigantes roubam a cena todas as vezes. Com poucos episódios, você conhece basicamente os personagens. Mas os gigantes sempre surpreendem. A cada episódio novo, você conhece variações de monstros que te fazem pensar: "Lascou tudo." Mas aí surge um fio de esperança que é cortado logo no próximo episódio. O anime te amarra de um jeito que você não consegue parar de assistir, porque pensa que as perguntas serão respondidas no próximo episódio.

Acho que já lhe convenci de que vale a pena assistir esse anime. Só lembrando que ele é pra maiores! Pra facilitar a sua vida, segue abaixo o primeiro episódio (clica na imagem abaixo). Pode me agradecer depois de assistir. Eu vou entender se você se esquecer...




terça-feira, 22 de outubro de 2013

The Clash - Cut the Crap (1985)


É impressionante o quanto uma obra musical tão rica pode ser encerrada de maneira tão melancólica e ruim quanto à do grupo britânico The Clash. Tida como uma das mais originais bandas de cenário punk, o qual se caracterizava pelo lema "faça você mesmo" e pelas músicas mais simples, o quarteto foi vitimado por alguns fatores que acabaram por prejudicar a sua continuidade - o que foi refletido no seu último disco de estúdio, o fraquíssimo Cut the Crap.

Donos de uma discografia de qualidade ímpar, o Clash sempre mostrou-se um passo além das outras bandas punks, o que pode ser conferido principalmente no seu maior clássico, o LP London Calling. Letras maduras aliadas ao punk rock competentemente fundido com outros ritmos, como ska, reggae, rockabilly, jazz, soul, etc., mostraram que a banda capitaneada por Joe Strummer e Mick Jones (ambos vocalistas e guitarristas) era uma banda única.

O problema é que, ao longo dos anos, o relacionamento pessoal entre Strummer e Jones começou a se degradar, ao ponto de eles não se falarem mais. Além disso, o vício em heroína do baterista Topper Headon fez com que ele fosse demitido do grupo logo após a gravação do disco Combat Rock, fato este que entristeceu todos os outros membros do Clash, visto que ele era querido por todos. Nem mesmo a volta do baterista original, Terry Chimes, para a turnê do disco, contribuiu para que o ambiente melhorasse (no meio da turnê, Chimes saiu e foi substituído por Pete Howard).

Ao começarem as sessões do disco seguinte, o clima entre os membros da banda não poderia estar pior, chegando ao ponto de Jones ser demitido por Strummer e pelo baixista Paul Simonon - diz-se que eles foram influenciados pelo empresário do grupo, Bernie Rhodes. Para o lugar do guitarrista, foi trazida uma dupla de guitarristas - Nick Sheppard e Vince White -, o que possibilitaria a Strummer que ele se concentrasse somente nos vocais. Com o grupo transformado em quinteto, o Clash fez uma turnê na qual não foram tocadas músicas compostas por Mick Jones e privilegiou as músicas mais antigas, cortando as influências de outros ritmos (ou seja: menos ska/reggae, mais "três acordes") do repertório. Ao término da turnê, a banda anunciou que lançaria em breve um disco de estúdio.

Pelo que se sabe, as sessões de gravação foram caóticas, com Rhodes e Strummer brigando pelo controle do grupo. O empresário conseguiu forçar sua participação na produção e na composição das músicas. Os ensaios das músicas aconteciam com músicos de estúdio - somente Strummer e Rhodes participavam dessas sessões, enquanto o resto da banda ia depois para o estúdio gravar suas partes previamente tocadas pelos músicos contratados. E aí houve um problema: enquanto Joe Strummer queria que a banda voltasse às raízes com canções mais simples ao estilo dos dois primeiros álbuns do Clash, Bernie Rhodes tinha vontade de inserir elementos do cenário musical que ascendia na época, o new wave, e acabou vencendo a queda de braço contra o líder do conjunto - Strummer estava simplesmente cansado de tudo que acontecia nos últimos tempos com sua banda, além de ter perdido os pais recentemente.

Além disso, as músicas escritas por Strummer já não eram lá essas coisas: muitas delas eram simplistas demais, como se ele quisesse fazer músicas forçosamente simples. Porém, como não há nada tão ruim que não possa ser piorado, o que o produtor-empresário fez? Simplesmente descartou praticamente todas as gravações dos outros membros da banda, utilizando-se das pré-gravações feitas com músicos de estúdio e - pasmem! - baterias eletrônicas programadas (não esqueçam que ele queria deixar o som mais "moderno"), além de utilizar coros ao estilo "torcida de futebol" e mudar as intenções pretendidas pelo Clash para cada canção. O que poderia ser um disco com músicas fracas, mas divertidas, acabou por se tornar algo extremamente descartável, com uma produção horrorosa e que acabavam ressaltando os defeitos das músicas contidas no álbum. A primeira faixa, "Dictator", mostra bem isso: uma torrente de ruídos eletrônicos sobreposta a guitarras sintetizadas e gravações de noticiários de uma rádio mexicana, enquanto Joe Strummer canta uma letra boba que deixa o ouvinte espantado - esse era o mesmo cara que tinha escrito "London Calling" e "Tommy Gun", caramba! Duvidam? Ouçam a música aí embaixo e me digam se eu estou errado.


Não vou ser injusto: algumas faixas tinham potencial para ficaram, no mínimo, bacanas. Porém, graças à patetada do "produtor" (ênfase nas aspas) Bernie Rhodes, utilizando-se do pseudônimo "Jose Unidos" (pff!!!), elas ficaram simplesmente ruins. Inclusive há vários bootlegs de shows da época em que eles estavam ainda testando as músicas que entrariam em Cut the Crap e com arranjos "puros", sem as intervenções de estúdio; ao ouvir tais bootlegs, a sensação é que daria para sair um disco legal (mas ainda acho que não deixaria de ser o pior álbum da história do Clash). Ouçam uma versão ao vivo pré-estúdio de "Are You Ready for War?" e, a seguir, a versão oficial contida no disco, renomeada (infelizmente) para "Are You Red..y". A diferença é gritante, apesar da música ser a mesma!




Ainda bem que podemos dizer que o disco não é totalmente horrível, principalmente graças a "This Is England", a melhor faixa do álbum, a qual nem a produção conseguiu deixá-la ruim - não é exagero dizer que, se ela tivesse sido lançada em um dos discos anteriores da banda, ela teria se tornado um clássico. Outra faixa que pode ser considerada boa é "North and South", cantada por Sheppard, mas que é prejudicada pelo excesso de teclados.

(Nota: "This Is England" foi o primeiro single do disco, e tinha como lado B as faixas "Do It Now" e "Sex Mad Roar". Estas duas faixas são mais agradáveis de ouvir do que todo o Cut the Crap, visto que toda a formação da banda na época participou da gravação das faixas e não há os excessos de produção cometidos no LP. "Do It Now" também chegou a ser incluída como faixa bônus em relançamentos do disco em CD.)

O problema é que as duas faixas não foram o suficiente para salvar o álbum do fiasco. Assim que Cut the Crap foi lançado, a crítica malhou sem dó o trabalho, e o público odiou aquele pastiche de pós-punk com new wave com uma capa feiosa que tentava ilustrar a ideia de punk moderno pretendida por Bernie Rhodes. A própria banda se manifestou contrária ao disco, divulgando que o resultado final não era o desejado e que o disco seria regravado por eles - o que não aconteceu, já que Strummer, desiludido de vez com tudo, resolveu acabar com o Clash.

O desprezo pelo disco é tanto que ele não é mencionado no documentário The Clash: Westway to the World e em alguns lançamentos de coletâneas e box sets com materiais do grupo, como o box The Clash Sound System, lançado em 2013 e que contém todos os outros discos lançados pela banda, além de raridades e B-sides. A única coisa que se resgata do álbum em alguns lançamentos é "This Is England", incluída em The Essential Clash, Singles Box (juntamente com seus lados B) e The Singles.

É realmente uma pena que esse tenha sido o último álbum de estúdio do Clash, principalmente quando pensamos que Joe Strummer tinha retomado o contato com Mick Jones e estava escrevendo material para uma volta da banda. Um triste fim para a carreira de uma das melhores bandas já surgidas.

O setlist:
  1. Dictator
  2. Dirty Punk
  3. We Are the Clash
  4. Are You Red..y
  5. Cool Under Heat
  6. Movers and Shakers
  7. This Is England
  8. Three Card Trick
  9. Play to Win
  10. Fingerpoppin'
  11. North and South
  12. Life Is Wild
  13. Do It Now (faixa bônus)
A banda na época:
  • Joe Strummer - vocais
  • Nick Sheppard - guitarras, vocais principais em "North and South"
  • Vince White - guitarras (em "Do It Now")
  • Paul Simonon - baixo (em "Do It Now")
  • Pete Howard - bateria (em "Do It Now") 
Músicos participantes do disco:
  • Young Wagner - sintetizadores
  • Norman Watt-Roy - baixo
  • Fayney - bateria eletrônica, vocais em "Play to Win"
  • Bernie Rhodes - programação de bateria eletrônica


domingo, 13 de outubro de 2013

Black Sabbath - TYR (1990)


(Continuando a revisão de alguns textos antigos, trago agora uma resenha publicada em outubro de 2010 - devidamente editada e corrigida, claro!)

Uma referência para todas as bandas de Heavy Metal, mesmo que indiretamente - é dessa forma que o Black Sabbath é reconhecido. Tida como a inventora do Metal (há quem discorde, incluindo os integrantes), a banda inovou no cenário do rock ao distorcer seus instrumentos, falar abertamente de temas mais obscuros em suas letras (embora outros já tenham feito isso antes, o Sabbath foi mais descarado) e tocar um "troço" que ninguém nunca tinha ouvido antes. Pronto! Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne plantaram a semente de um novo gênero musical.

O fato é que, com o passar do tempo, a banda mudou sua sonoridade e, depois da saída do vocalista Ozzy Osbourne, houve um troca-troca intenso de integrantes que incomodou muitos fãs. O único que gravou todos os discos do Black Sabbath foi o guitarrista Tony Iommi. Citando somente vocalistas, passaram por lá Ronnie James Dio, Ian Gillan, Glenn Hughes, Dave Gillen, Ron Keel e Tony Martin, entre outros. Por causa disso, muitos fãs torceram o nariz e viraram as costas para os outros trabalhos da banda.

Chegamos ao ponto desejado! É fato que a banda, ao longo dos anos, ficou bastante descaracterizada, mas isto não quer dizer que a banda ficou ruim. Os discos produzidos nessa época de instabilidade foram bons (alguns nem tanto...), e os músicos que passaram pelo Sabbath se caracterizavam por serem ótimos instrumentistas/vocalistas. Dentre eles, posso afirmar com certeza que o mais injustamente criticado foi Tony Martin. Discorda? Vamos ao disco, então.

Alem de Martin e Iommi, a formação do Sabbath nessa época (1990) era composta por Geoff Nicholls (teclados), Cozy Powell (bateria) e Neil Murray (baixo). Depois de um álbum relativamente bem-sucedido (Headless Cross, de 1988), a banda grava TYR, que conta com a produção de Iommi e Powell, assim como o disco anterior. Ao contrário do que muitos pensam, TYR não é um disco conceitual que trate de mitologia nórdica. Esta, sem dúvida, se faz presente na bolacha, mas há também músicas que tratam de cristianismo e de czares (vai me dizer que czar é algo nórdico?).

Mas o disco é bom? Eu digo: É ÓTIMO! A banda foi bem em todas as músicas do álbum. TYR já começa com "Anno Mundi (The Vision)". Sua letra apocalíptica casa bem com seu arranjo, que se inicia com um dedilhado de guitarra e um "coro" (leia-se: o vocal duplicado de Tony Martin) cantando o verso "Spirictus Santus Anno Anno Mundi" repetidamente, enquanto entra Tony Martin cantando de mansinho. Do nada, Cozy entra com a bateria e o peso começa. Já nessa faixa, você vê que Martin canta muito.

Depois vem "The Law Maker", mais acelerada e se mantendo assim até ao final. Em seguinda, "Jerusalem" - pesada e cadenciada, lembrando o disco Headless Cross. A banda continua a mostrar que está bem coesa.

Aí chega "The Sabbath Stones" (minha preferida...). As palhetadas de Tony Iommi, embora sejam mais comedidas do que de costume, dão o clima perfeito para a música, assim como a bateria de Cozy Powell. Só escutando para saber a sensação...

Agora chegamos à mitologia nórdica propriamente dita do álbum! Trata-se da trinca formada pelas faixas "The Battle of Tyr", "Odin's Court" e "Valhalla". A primeira é uma vinheta instrumental, enquanto a segunda é, basicamente falando, um violão dedilhado acompanhado pelo vocal de Tony Martin apresentando a corte de Odin. Daí entra "Valhalla", que é mais ou menos no mesmo estilo de "The Sabbath Stones". Acho que foi melhor que a abordagem à mitologia nórdica se resumisse a apenas um trecho do álbum em vez de um disco inteiro, pois acredito que a banda não faria tão bem um álbum conceitual de temática viking.

A faixa seguinte é a balada "Feels Good to Me", que, segundo a banda, só entrou no disco para ser lançada como seu single. Musicalmente, não tem nada a ver com o resto do álbum, mas isso não desmerece a música. Ela é boa, sim, e deixa muita banda "baladeira" no chinelo.

Fechando TYR, Heaven in Black (a do czar... :P). Fecha o disco, além de contar com uma ótima introdução de bateria. Belo encerramento para o disco!

Resumindo: se você gosta de metal bom, mas diz que o Sabbath só presta com Ozzy, deixe de ser preconceituoso e ouça TYR! Apesar de estar musicalmente distante dos discos com a formação original, é um álbum extremamente competente na função de mostrar música boa.

A banda:

  • Tony Iommi: guitarras
  • Tony Martin: vocais
  • Neil Murray: baixo
  • Cozy Powell: bateria e percussão
  • Geoff Nichols: teclados

O setlist:

  1. Anno Mundi (The Vision)
  2. The Law Maker
  3. Jerusalem
  4. The Sabbath Stones
  5. The Battle of Tyr
  6. Odin’s Court
  7. Valhalla
  8. Feels Good to Me
  9. Heaven in Black


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Slayer - Reign in Blood (1986)


(Resgatando uma resenha minha escrita em janeiro de 2008 para um antigo blog morto por inanição, com algumas poucas alterações. Pretendo revisitar mais textos antigos meus para evitar que se percam.)

Pra começo de conversa: quem gosta de Slayer não diz simplesmente "Slayer"... Grita "SLAAAAAYEEEER!!!!!!!!!!!". Uma das bandas mais polêmicas do mundo, o Slayer mostra em Reign in Blood toda a sua ira e o que faz dela um dos conjuntos mais reverenciados do thrash metal (além de uma das maiores desculpas para gente doida fazer merda, alegando que foi influenciado por uma banda tal ou um programa tal...).

Lançado em 1986, o disco, que é o 3º LP de estúdio da banda, mostra 28 minutos de porrada (sem contar com as faixas-bônus da versão em CD), com músicas mais rápidas do que trombadinha em serviço. É um contraponto ao disco anterior, Hell Awaits, e suas canções mais elaboradas e longas. É quase um disco de hardcore de tão rápido, mas não podemos classificá-lo como tal, pois o peso é absurdamente levado às últimas consequências, e suas letras não podem ser consideradas somente como "punks".

Muita gente já ouviu falar do Slayer por suas letras que tratam de temas espinhosos para a sociedade. Blasfêmias, assassinos, nazistas, guerras (em detalhes...), etc., etc., etc... Tem de tudo aqui nessa bolacha. Um exemplo: a primeira faixa, "Angel of Death", fala de Josef Mengele, médico nazista que fazia experiências "científicas" em prisioneiros de Auschwitz, campo de concentração mais conhecido da época da 2ª Guerra, e que fugiu da Alemanha para viver livre no Brasil até sua morte, quando tinha 67 anos.

Outra faixa que merece destaque é a segunda, "Piece by Piece", considerada uma das mais "nojentas" letras da música mundial segundo uma dessas listas bestas que saem todo dia. Bem, não posso dizer que essa lista está errada em dizer que a letra é repulsiva, pois membros apodrecendo e carne rasgada não são coisas das mais agradáveis de se imaginar...

No entanto, o destaque máximo é "Raining Blood" (aliás, belo trocadilho com o nome do disco, hein?!). Sua introdução (uma tempestade com uma bateria ao fundo (tum-tum-tum)), pra depois vir um dos riffs mais lembrados do metal e a banda entrar com tudo no seu ouvido. É UM CLÁSSICO!!!!!

Reign in Blood é indiscutivelmente o maior clássico do Slayer (e o melhor, na minha modestíssima opinião...). A banda estava inspiradíssima e, com a ajuda do produtor Rick Rubin, concebeu um dos discos mais reverenciados da história. Uma maravilha que você tem que ouvir, mesmo que não goste, pois se trata de um disco único.

"SLAAAAAYEEEER!!!!!!!!!!!"

As faixas:
  1. Angel of Death
  2. Piece by Piece
  3. Necrophobic
  4. Altar of Sacrifice
  5. Jesus Saves
  6. Criminally Insane
  7. Reborn
  8. Epidemic
  9. Postmortem
  10. Raining Blood
  11. Aggressive Perfector [presente apenas na versão em CD]
  12. Criminally Insane (Remix) [presente apenas na versão em CD]
A banda:
  • Tom Araya: baixo e vocal
  • Jeff Hanemann: guitarras
  • Kerry King: guitarras
  • Dave Lombardo: bateria

Obrigado, MTV

Durante alguns anos de minha vida, às 15:00 (acho), eu costumava assistir um programa no canal 9. O programa noticiava acontecimentos do meio musical, além de entrevistar ao vivo artistas do cenário brasileiro que estavam "começando". O programa durava o restante da tarde e entre uma notícia / entrevista e outra, rolava um clipe. O programa era o Supernova e o canal era a MTV.

Não vou ficar aqui dizendo da importância da MTV pro cenário musical brasileiro. Isso todo mundo já sabe. A MTV sempre foi um canal jovem e antenado com tudo o que era relevante para o jovem. Usando a música como apoio, conseguiu espaço para tratar de outros assuntos (crises adolescentes, sexo, política, educação). E isso era praticamente o único meio para o jovem ter contato com estas informações usando a nossa linguagem.  Foi por causa da MTV, que eu passei a ter uma visão mais crítica do mundo. Era o canal perfeito. Juntava diversão e papo sério às vezes em um único momento. Eu passava horas em frente a TV esperando começar o Disk, pra ver os clipes, a apresentadora, e treinar no violão o repertório que seria executado no colégio no dia seguinte. Fora os outros programas, como o Piores Clipes do Mundo, Gordo a Go Go, 15 Minutos, Os shows (os melhores acústicos são os da MTV Brasil), os debates com o Lobão e é claro, o VMB. A única premiação musical que aprende na hora com seus erros e ainda faz a MTV sofrer auto-bulling.

E hoje, às 00:01 de sexta-feira, 27/09/2013, horário da publicação deste post, este canal vai sair da TV aberta. A MTV tentou resistir às mudanças que eram impostas pelo mercado e pela internet. A internet matou a MTV? Não. Ela só não evoluiu o suficiente. Seleção natural... Em sua última hora de vida, a MTV está sendo o que ela sempre foi: um canal ousado, sério, louco e direto.

Obrigado, MTV.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Team America: Detonando o Mundo ("Team America: World Police", 2004)


Em tempos de tensão mundial a respeito de mais uma possível intervenção militar dos EUA e da revelação dos atos de espionagem estadunidenses, não é difícil lembrar de um filme que satiriza justamente essa fama do país do Tio Sam querer ser a "polícia do mundo": estou falando, é claro, de Team America: Detonando o Mundo.

Criado por Trey Parker e Matt Stone, as mentes que deram origem à série South Park (desenho animado que, na minha humilde e honesta opinião, conseguiu superar Os Simpsons nas críticas ao American way of life), o filme mostra, como diz o título original (Team America: World Police), um grupo de americanos (chamado, lógico, de Team America) cuja função é policiar o mundo, combatendo aqueles que ameaçam a paz mundial - ou seja, terroristas. Precisando de um membro novo (o anterior havia morrido na primeira missão mostrada no filme), a equipe recruta Gary Johnston, um ator da Broadway, para participar de uma operação no Oriente Médio. E aí começam vários eventos, culminando no confronto com o vilão do filme, King Jong-il (!!!!), o então ditador da Coréia do Norte, que no filme é mostrado como o maior financiador dos grupos terroristas espalhados pelo mundo.


Ah! Ia me esquecendo de um detalhe: os personagens são MARIONETES que andam por cenários de miniatura, e o filme não se preocupa em esconder os fios que movimentam os bonecos.

(E se você pensou no seriado Thunderbirds, parabéns! Essa foi a maior inspiração para o visual do filme.)


Pelos parágrafos acima, já dá para imaginar que a obra é uma sátira aos filmes de guerra patrióticos produzidos em Hollywood - principalmente aos filmes dirigidos pelo Michael Bay. Aqueles diálogos piegas sobre o dever de amar o país, com música de fundo pomposa ilustrando que o discurso em questão é lindo e tal, entrecortados por aqueles planos em câmera lenta, ou aqueles momentos em que um personagem fala de um problema ou de uma lembrança, ao mesmo tempo em que começa a tocar uma música dedilhada no violão, as explosões costumeiras... tudo que você vê nos filmes do Michael Bay tentando te comover aparece aqui - claro que em Team America o objetivo é outro: sacanear e fazer o espectador rir.



Além disso, Team America satiriza o desconhecimento do estadunidense sobre os outros países no planeta. Um exemplo: quando outros países são mostrados, seus monumentos mais conhecidos são mostrados todos na mesma área! Isto pode ser visto no início do filme, quando a equipe "visita" Paris atrás de terroristas: o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel e o Museu do Louvre ficam praticamente no mesmo quarteirão. Genial!

Outra coisa que merece ser notada é como o filme retrata os diálogos em língua estrangeira. Os diálogos em francês são um amontoado de "sacre bleu", "oh la la" e "mon dieu", entre outras expressões francesas; os personagens árabes disparam uma enorme quantidade de falso árabe entremeada com "Mohammed" e "jihad"; os coreanos falam em um idioma que poderia ser chamado de "você-fingindo-que-é-chinês"; e assim vai... E claro que os coreanos, quando falam inglês, trocam o R pelo L (e vice-versa)! Afinal, o filme também satiriza esteriótipos de estrangeiros na terra do McDonalds.


Quem já viu South Park já tem ideia do tipo de humor que vai encontrar em Team America: linguagem e cenas explícitas, piadas afiadas, cenas que não escondem a tosqueira da parte técnica, Trey Parker e Matt Stone fazendo as vozes de trocentos personagens... Se você é fã do seriado dos molequinhos desbocados, é quase certeza que você vai amar o filme dos bonecos.

Alguns atores conhecidos também "participam" do filme - ênfase nas aspas pelo fato de que nenhum dos atores representados no filme não ser dublado pelos seus respectivos seres de carne e osso. Aparecem no filme bonecos de George Clooney, Sean Penn, Alec Baldwin, Matt Damon, Susan Sarandon, entre outros - destaque para a aparição de Damon, cujas falas se resumem a repetir seu nome de maneira idiota. Estes atores aparecem como membros de um sindicato chamado Film Actors Guild (sigla "F.A.G." - sim, "fag" é "bicha" em inglês) que protesta contra as ações do Team America. Vale salientar a reação de alguns dos atores ao filme: George Clooney e Matt Damon não ligaram para a piada (Clooney inclusive disse que se sentiria ofendido se não fosse incluído no filme!); por outro lado, Sean Penn ficou puto, chegando ao ponto de mandar uma carta para Parker e Stone que se encerrava com um singelo "fuck you!".



Há vários momentos no filme dignos de menção. Um deles é o momento em que um bêbado explica para o protagonista que há 3 tipos de pessoas no mundo: dicks (que pode ser traduzido como "cacetes" ou "idiotas"), pussies ("xoxotas" ou "covardes") e assholes ("cus" ou "babacas"). Outro é quando Johnston precisa provar ao líder do Team America que é digno de confiança (não vou contar como, pois não quero estragar nenhuma surpresa...).

Também há a presença de momentos musicais no filme, com músicas com letras absolutamente hilárias - uma delas dizendo que os filmes do Michael Bay são um lixo, e outra que acompanha uma cena de sexo explícito entre dois personagens (Isso mesmo! Dois bonecos transando!) -, sendo o momento mais inesquecível a parte em que King Jong-il começa a se sentir solitário e a cantar (Parker sarcasticamente dizia que, se o verdadeiro King Jong-il visse o filme, ele iria se emocionar porque finalmente alguém o teria entendido). A cena se encontra abaixo:


É por essas e outras que o filme merece ser assistido, a não ser que você seja uma pessoa sensível (eufemismo para "fresca" e "chata"). Também devo dizer que o filme não é recomendável para menores de idade (se você tiver menos de 18 anos, não conte para seus pais!). Um filme extremamente inteligente, sarcástico e engraçado que passou despercebido por aqui graças ao medo da Paramount em promovê-lo nos cinemas do Brasil.

America - FUCK, YEAH!


Trailer de "Team America"

sábado, 7 de setembro de 2013

Tom Clancy's Ghost Recon: Shadow Wars 3DS


Lançado em 2011 para o Nintendo 3DS pela Ubisoft,  o Ghost Recon: Shadow Wars tinha o propósito de atender um público em particular que gosta de jogos de estratégia em turnos. O jogo pertence a série de jogos Tom Clancy's, mas não segue um estilo diferente de seus irmãos. A mecânica do jogo faz lembrar os jogos Fire Emblem e Advance Wars para o Nintendo DS.

Aclamado pela crítica (Gamespot, IGN, NintendoBlast, Nintendolife) como um bom jogo de entrada para o 3DS, o Ghost Recon: Shadow Wars realmente possui algumas qualidades que o destacam dos demais jogos para 3DS:
  • Bom balanceamento de dificuldade não faz o jogador desistir do jogo.
  • Após finalizar o modo campanha, há disponível missões solo que vão render ainda muitas horas de diversão.
  • 3D agradável aos olhos (não falo da qualidade dos gráficos em si, mas sim que o 3D implementado no jogo é mais de profundidade do cenário do que de imagens saltando na tela do aparelho).
  • Para finalizar a campanha leva-se no mínimo 20 horas no modo fácil, mas a média pode ficar em torno de 40 horas de jogo. Se juntar com os extras, chega facilmente a 50-60 horas no total. Algo excelente se comparado aos jogos curtos (10 horas) que existem para o Nintendo 3DS.
 
Imagem retirada do site daUbisoft

Nem tudo é mil maravilhas, os gráficos lembram os jogos para DS, o multiplayer foi feito para se jogar apenas no mesmo aparelho sem disponibilizar a opção de rede local ou Internet. E por fim, a história no modo campanha é confusa e às vezes dispensável.

Estamos em Setembro de 2013 e afirmo que, mesmo com os ótimos lançamentos recentes para o 3DS, o Ghost Recon: Shadow Wars ainda continua sendo uma boa opção de jogo para quem gosta de estratégia. Ainda mais agora, que o jogo deve estar mais barato por não ser lançamento. Recomendo a todos!



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

The Death and Return of Superman (2011)


Todos devem saber a maluquice que é acompanhar as sagas dos principais quadrinhos americanos, principalmente por conta do morre-ressuscita constante de vários personagens das HQs. Essa "Jesus-Cristização quadrínica" que vira e mexe acontece se deve principalmente a uma saga lançada nos EUA em 1992: "A Morte do Superman".

Como o nome já diz, a citada storyline mostra o Superman morrendo. Basicamente, foi uma maneira de a DC Comics fazer o "chato" personagem ficar mais interessante e aumentar as vendagens de seus gibis. Claro que isso foi anunciado como uma bomba - eu mesmo era bem pequeno (tinha uns 7 anos), mas me lembro de telejornais falando disso. Foi um marketing extremamente bem sucedido por parte da DC, pois, assim que saiu a história, ela vendeu como água no deserto - um sucesso estrondoso! O problema é que depois eles deram um jeito escroto de fazer o Superman voltar a viver, e aí já viu, né?! Tome reclamação das pessoas que compraram a HQ com a morte do Supinho.

Pois bem, em 2011, Max Landis, filho do lendário e fodão cineasta John Landis (Os Irmãos Cara-de-Pau, Um Lobisomem Americano em Londres, etc.), chamou um pessoal e fez um curta-metragem sobre a supracitada saga e as consequências geradas por ela, com o nome The Death and Return of Superman (queriam que se chamasse o quê? "Sorvete de Uva"?). Basicamente, o curta mostra um monólogo de Max Landis sobre a saga intercalando com imagens de atores encenando de maneira tosca os eventos narrados por ele. A maneira usada por Landis para contar a história é hilária, parecida com aquelas conversas em mesa de bar (já experimentou conversar sobre filmes, quadrinhos, música, enquanto toma umas cervas? É desse jeito) - não à toa, ele aparece bebendo uísque enquanto fala. As encenações das cenas descritas fazem jus ao modo como o "Júnior" as conta: atuações toscas e exageradas com figurinos ridículos. Muito bacana!

Algo bem legal em The Death... é notar algumas caras bem conhecidas, como Elijah Wood, Mandy Moore, Simon Pegg e Ron Howard, atuando da maneira mais anti-profissional possível. Fica impossível não imaginar algo como "Cacete! O Frodo tá participando DISSO?!"

Porém, o mais legal é a crítica inteligentíssima contida no curta. Além de criticar a qualidade da saga, Max Landis põe o dedo na ferida das editoras ao mostrar o quanto o fã pode ser desrespeitado na busca incessante por atenção e dinheiro. E tudo isso de maneira bem-humorada e criativa. Pelo visto, o talento do paizão foi herdado pelo jovem Landis.

Agora, a parte mais bacana: o curta está disponibilizado na íntegra (e legendado, pra quem não domina o idioma bretão) no Youtube. E eu sou tão legal que coloquei o vídeo aí embaixo para vocês se deleitarem. De nada!


PS: Alguém notou a propaganda do filme Chronicle (roteirizado pelo Max Landis) no vídeo? Esse filme foi lançado no Brasil como Poder sem Limites.

sábado, 17 de agosto de 2013

Angra - Holy Land (1996)


Obra-prima do metal - não há outra maneira de classificar o disco Holy Land. Uma obra na qual criatividade e amadurecimento musical andam de mãos dadas. E o mais legal: foi feito por uma banda brasileira.

Surgida em 1991, o Angra é uma das bandas mais importantes do país, responsável por aumentar a visibilidade das bandas de metal nacionais para o mundo - visibilidade esta conseguida pela explosão mundial do Sepultura. A banda formada por estudantes de música que tinha como vocalista o antigo vocalista do Viper, André Matos, começou fazendo um power metal mais tradicional, mas aos poucos foram acrescentando ritmos brasileiros à sua música, o que pode ser observado no seu disco de estreia, o clássico obrigatório Angels Cry, de 1993. No entanto, foi no disco seguinte que a banda mostrou todo o seu potencial e sua criatividade ao fundir vários gêneros e mostrar um "metal melódico" bem brasileiro mesmo.

Lançado em 1996, Holy Land é um álbum conceitual cujo tema é o Brasil na época do descobrimento - tal referência pode ser notada logo de cara, ao se visualizar a arte da capa. As faixas trazem uma fusão de power metal tradicional (com pitadas de progressivo) com ritmos brasileiros (ritmos indígenas, baião, MPB, etc.), não esquecendo a inclusão de passagens de música clássica, simbolizando a Europa da época. A mistura se mostra muitíssimo inspirada, gerando ótimas músicas, como "Carolina IV", "Nothing To Say", "The Shaman" e outras, com um desempenho ímpar por parte dos músicos.

Enfim, trata-se de um disco cuja audição é obrigatória e que mostra que é possível misturar heavy metal com ritmos folclóricos nacionais, sem ficar a dever em nada para as bandas europeias que fazem algo semelhante (misturar metal com as respectivas referências culturais de seus países). É uma pena que o power metal seja tão mal-visto pelos críticos (diga-se que com certa razão, pois é um gênero que se notabiliza pela falta de novidades na musicalidade, com bandas novas talentosas, mas fazendo "mais do mesmo", fechando os olhos dos outros para o que é feito pelas bandas mais inovadoras, como é o caso do Angra). Se você também tem um pé atrás com o power metal, dê uma chance a esse disco.

Setlist:
  1. Crossing
  2. Nothing to Say
  3. Silence and Distance
  4. Carolina IV
  5. Holy Land
  6. The Shaman
  7. Make Believe
  8. Z.I.T.O.
  9. Deep Blue
  10. Lullaby for Lucifer
A banda:
  • Andre Matos - vocal, piano, arranjos orquestrais, teclados e órgão
  • Kiko Loureiro - guitarras, backing vocals, percussão adicional
  • Rafael Bittencourt - guitarras, backing vocals, percussão adicional
  • Luís Mariutti - baixo
  • Ricardo Confessori - bateria e percussão

Led Zeppelin - Celebration Day (2012)


Muitas bandas e artistas são pilares do rock. Hoje é fácil chegarmos a esta conclusão quando falamos de um Chuck Berry, Elvis, The Who, The Beatles. E quando os antigos membros destas bandas resolvem se juntar para um último show ou turnê, o resultado pode não ser tão interessante. Quando o Queen resolveu voltar, a turnê com Paul Rodgers foi a única que poderíamos ver algum resquício do que foi o Queen. Nos últimos shows de Elvis, ele parecia um cover dele mesmo. E de péssima qualidade.

O Led Zeppelin acabou logo após a morte de John Bonham, em 1980. Após isso, cada integrante seguiu seu rumo, mas nunca se desligando totalmente da música. Robert Plant e Jimmy Page seguiram em trabalhos diferentes com outras bandas e parcerias. John Paul Jones buscou trabalhos como produtor e consolidou-se nos bastidores. Mas em 2007, eles estavam juntos para anunciar uma última apresentação para 20.000 felizardos em Londres, com o filho de John, Jason Bonham nas baquetas. Talvez essa apresentação seja para apagar de vez o fiasco que foi uma outra apresentação com esta mesma formação, em 1988. Mas a dúvida ainda permanecia: vai ser bom?

O show foi simplesmente arretado. Os vovôs não só provaram que ainda são o Led Zeppelin, como reafirmaram suas posições de Pilares do Rock. Tocaram todas os clássicos da banda. Junte isso com uma direção espetacular, com tempos praticamente iguais para os integrantes, takes no tempo certo com os ângulos de câmera corretos e temos um registro épico. Parece que as imagens refletem exatamente o que está acontecendo no palco, nos levando para dentro da Arena O2. Quando eu assisti no cinema, eu me senti lá. Eu fazia parte daquele público.

E devo reforçar que o ponto alto do show não foi Stairway to Heaven. Eu duvido que o Led tenha gravado uma versão de Kashmir melhor do que a mostrada na Arena O2.

Se você ainda não viu este show, não bobeie. Ouça e veja o Led Zeppelin 99% do que ele era no seu auge. Talvez seja um dos poucos casos de uma banda que voltou melhor do que quando acabou, nem que seja por uma única e última vez.

Setlist:

  1. Good Times Bad Times
  2. Ramble On
  3. Black Dog
  4. In My Time of Dying
  5. For Your Life
  6. Trampled Under Foot
  7. Nobody's Fault but Mine
  8. No Quarter
  9. Since I've Been Loving You
  10. Dazed And Confused
  11. Stairway To Heaven
  12. The Song Remains The Same
  13. Misty Mountain Hop
  14. Kashmir
  15. Whole Lotta Love
  16. Rock and Roll


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ZZ Top - Live from Texas (2008)


O ZZ Top é uma das bandas mais cultuadas no mundo. E não é para menos: os texanos, com seu som misturando rock, blues, boogie e otras cositas más, gravaram discos excepcionais ao longo da carreira, o que impediu que a banda ficasse conhecida somente como "aquela banda de barbudos". A maior prova da força do seu repertório é mostrada nesse DVD/BD gravado em sua terra natal em 2008.

A banda se mostra extremamente eficiente e ainda afiada, mesmo após quase 40 anos de estrada. O grande destaque é Billy Gibbons, com sua voz cada vez mais afetada pelos anos de bebida e charutos se encaixando perfeitamente no clima das músicas, além do seu desempenho na guitarra se mostrar algo estupendo. Como se garante o velhinho! Não bastasse isso, ainda tem uma sincronia perfeita com seu parceiro de barba, o competentíssimo baixista Dusty Hill - sincronia essa que não se refere apenas ao desempenho musical, mas também às coreografias (!!!). Completando o time temos o baterista Frank Beard - que não precisa ser barbudo por já ter barba como sobrenome - e seu trabalho simples, mas certeiro.


O repertório do show se concentra nos álbuns mais antigos do ZZ Top - só há duas músicas pós-1983 ("Rough Boy" e "Pincushion"). Se por um lado fica parecendo que a banda vive do passado, por outro se mostra uma decisão acertada para um registro ao vivo da banda, pois os álbuns lançados após o estrondoso best-seller de 1983 Eliminator não possuem a mesma força e coesão dos discos anteriores, apesar de todos conterem algumas faixas excelentes (com exceção do XXX, que é fraco mesmo!). Sucessos indispensáveis como "Got Me Under Pressure", "Gimme All Your Lovin'", "Just Got Paid" e "Jesus Just Left Chicago" mostram que o ZZ Top é uma banda maravilhosa com músicas matadoras que resistiram ao teste do tempo.



A produção de palco é muito legal, com iluminação bacana e imagens sendo exibidas em amplificadores. É daqueles shows que não basta ouvir - tem que ver. A interação de Gibbons com o público é bem bacana, e o público responde de forma bastante satisfatória.

Se você gosta de rock, ZZ Top - Live from Texas é item obrigatório na sua estante.

Repertório:

"Got Me Under Pressure"
"Waitin' for the Bus"
"Jesus Just Left Chicago"
"I'm Bad, I'm Nationwide"
"Pincushion"
"Cheap Sunglasses"
"Pearl Necklace"
"Heard It on the X"
"Just Got Paid"
"Rough Boy"
"Blue Jean Blues"
"Gimme All Your Lovin'"
"Sharp Dressed Man"
"Legs"
"Tube Snake Boogie"
"La Grange"
"Tush"

P.S.: "Pincushion" e "Heard It on the X" não estão incluídas na versão em CD.