sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Slayer - Reign in Blood (1986)


(Resgatando uma resenha minha escrita em janeiro de 2008 para um antigo blog morto por inanição, com algumas poucas alterações. Pretendo revisitar mais textos antigos meus para evitar que se percam.)

Pra começo de conversa: quem gosta de Slayer não diz simplesmente "Slayer"... Grita "SLAAAAAYEEEER!!!!!!!!!!!". Uma das bandas mais polêmicas do mundo, o Slayer mostra em Reign in Blood toda a sua ira e o que faz dela um dos conjuntos mais reverenciados do thrash metal (além de uma das maiores desculpas para gente doida fazer merda, alegando que foi influenciado por uma banda tal ou um programa tal...).

Lançado em 1986, o disco, que é o 3º LP de estúdio da banda, mostra 28 minutos de porrada (sem contar com as faixas-bônus da versão em CD), com músicas mais rápidas do que trombadinha em serviço. É um contraponto ao disco anterior, Hell Awaits, e suas canções mais elaboradas e longas. É quase um disco de hardcore de tão rápido, mas não podemos classificá-lo como tal, pois o peso é absurdamente levado às últimas consequências, e suas letras não podem ser consideradas somente como "punks".

Muita gente já ouviu falar do Slayer por suas letras que tratam de temas espinhosos para a sociedade. Blasfêmias, assassinos, nazistas, guerras (em detalhes...), etc., etc., etc... Tem de tudo aqui nessa bolacha. Um exemplo: a primeira faixa, "Angel of Death", fala de Josef Mengele, médico nazista que fazia experiências "científicas" em prisioneiros de Auschwitz, campo de concentração mais conhecido da época da 2ª Guerra, e que fugiu da Alemanha para viver livre no Brasil até sua morte, quando tinha 67 anos.

Outra faixa que merece destaque é a segunda, "Piece by Piece", considerada uma das mais "nojentas" letras da música mundial segundo uma dessas listas bestas que saem todo dia. Bem, não posso dizer que essa lista está errada em dizer que a letra é repulsiva, pois membros apodrecendo e carne rasgada não são coisas das mais agradáveis de se imaginar...

No entanto, o destaque máximo é "Raining Blood" (aliás, belo trocadilho com o nome do disco, hein?!). Sua introdução (uma tempestade com uma bateria ao fundo (tum-tum-tum)), pra depois vir um dos riffs mais lembrados do metal e a banda entrar com tudo no seu ouvido. É UM CLÁSSICO!!!!!

Reign in Blood é indiscutivelmente o maior clássico do Slayer (e o melhor, na minha modestíssima opinião...). A banda estava inspiradíssima e, com a ajuda do produtor Rick Rubin, concebeu um dos discos mais reverenciados da história. Uma maravilha que você tem que ouvir, mesmo que não goste, pois se trata de um disco único.

"SLAAAAAYEEEER!!!!!!!!!!!"

As faixas:
  1. Angel of Death
  2. Piece by Piece
  3. Necrophobic
  4. Altar of Sacrifice
  5. Jesus Saves
  6. Criminally Insane
  7. Reborn
  8. Epidemic
  9. Postmortem
  10. Raining Blood
  11. Aggressive Perfector [presente apenas na versão em CD]
  12. Criminally Insane (Remix) [presente apenas na versão em CD]
A banda:
  • Tom Araya: baixo e vocal
  • Jeff Hanemann: guitarras
  • Kerry King: guitarras
  • Dave Lombardo: bateria

Obrigado, MTV

Durante alguns anos de minha vida, às 15:00 (acho), eu costumava assistir um programa no canal 9. O programa noticiava acontecimentos do meio musical, além de entrevistar ao vivo artistas do cenário brasileiro que estavam "começando". O programa durava o restante da tarde e entre uma notícia / entrevista e outra, rolava um clipe. O programa era o Supernova e o canal era a MTV.

Não vou ficar aqui dizendo da importância da MTV pro cenário musical brasileiro. Isso todo mundo já sabe. A MTV sempre foi um canal jovem e antenado com tudo o que era relevante para o jovem. Usando a música como apoio, conseguiu espaço para tratar de outros assuntos (crises adolescentes, sexo, política, educação). E isso era praticamente o único meio para o jovem ter contato com estas informações usando a nossa linguagem.  Foi por causa da MTV, que eu passei a ter uma visão mais crítica do mundo. Era o canal perfeito. Juntava diversão e papo sério às vezes em um único momento. Eu passava horas em frente a TV esperando começar o Disk, pra ver os clipes, a apresentadora, e treinar no violão o repertório que seria executado no colégio no dia seguinte. Fora os outros programas, como o Piores Clipes do Mundo, Gordo a Go Go, 15 Minutos, Os shows (os melhores acústicos são os da MTV Brasil), os debates com o Lobão e é claro, o VMB. A única premiação musical que aprende na hora com seus erros e ainda faz a MTV sofrer auto-bulling.

E hoje, às 00:01 de sexta-feira, 27/09/2013, horário da publicação deste post, este canal vai sair da TV aberta. A MTV tentou resistir às mudanças que eram impostas pelo mercado e pela internet. A internet matou a MTV? Não. Ela só não evoluiu o suficiente. Seleção natural... Em sua última hora de vida, a MTV está sendo o que ela sempre foi: um canal ousado, sério, louco e direto.

Obrigado, MTV.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Team America: Detonando o Mundo ("Team America: World Police", 2004)


Em tempos de tensão mundial a respeito de mais uma possível intervenção militar dos EUA e da revelação dos atos de espionagem estadunidenses, não é difícil lembrar de um filme que satiriza justamente essa fama do país do Tio Sam querer ser a "polícia do mundo": estou falando, é claro, de Team America: Detonando o Mundo.

Criado por Trey Parker e Matt Stone, as mentes que deram origem à série South Park (desenho animado que, na minha humilde e honesta opinião, conseguiu superar Os Simpsons nas críticas ao American way of life), o filme mostra, como diz o título original (Team America: World Police), um grupo de americanos (chamado, lógico, de Team America) cuja função é policiar o mundo, combatendo aqueles que ameaçam a paz mundial - ou seja, terroristas. Precisando de um membro novo (o anterior havia morrido na primeira missão mostrada no filme), a equipe recruta Gary Johnston, um ator da Broadway, para participar de uma operação no Oriente Médio. E aí começam vários eventos, culminando no confronto com o vilão do filme, King Jong-il (!!!!), o então ditador da Coréia do Norte, que no filme é mostrado como o maior financiador dos grupos terroristas espalhados pelo mundo.


Ah! Ia me esquecendo de um detalhe: os personagens são MARIONETES que andam por cenários de miniatura, e o filme não se preocupa em esconder os fios que movimentam os bonecos.

(E se você pensou no seriado Thunderbirds, parabéns! Essa foi a maior inspiração para o visual do filme.)


Pelos parágrafos acima, já dá para imaginar que a obra é uma sátira aos filmes de guerra patrióticos produzidos em Hollywood - principalmente aos filmes dirigidos pelo Michael Bay. Aqueles diálogos piegas sobre o dever de amar o país, com música de fundo pomposa ilustrando que o discurso em questão é lindo e tal, entrecortados por aqueles planos em câmera lenta, ou aqueles momentos em que um personagem fala de um problema ou de uma lembrança, ao mesmo tempo em que começa a tocar uma música dedilhada no violão, as explosões costumeiras... tudo que você vê nos filmes do Michael Bay tentando te comover aparece aqui - claro que em Team America o objetivo é outro: sacanear e fazer o espectador rir.



Além disso, Team America satiriza o desconhecimento do estadunidense sobre os outros países no planeta. Um exemplo: quando outros países são mostrados, seus monumentos mais conhecidos são mostrados todos na mesma área! Isto pode ser visto no início do filme, quando a equipe "visita" Paris atrás de terroristas: o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel e o Museu do Louvre ficam praticamente no mesmo quarteirão. Genial!

Outra coisa que merece ser notada é como o filme retrata os diálogos em língua estrangeira. Os diálogos em francês são um amontoado de "sacre bleu", "oh la la" e "mon dieu", entre outras expressões francesas; os personagens árabes disparam uma enorme quantidade de falso árabe entremeada com "Mohammed" e "jihad"; os coreanos falam em um idioma que poderia ser chamado de "você-fingindo-que-é-chinês"; e assim vai... E claro que os coreanos, quando falam inglês, trocam o R pelo L (e vice-versa)! Afinal, o filme também satiriza esteriótipos de estrangeiros na terra do McDonalds.


Quem já viu South Park já tem ideia do tipo de humor que vai encontrar em Team America: linguagem e cenas explícitas, piadas afiadas, cenas que não escondem a tosqueira da parte técnica, Trey Parker e Matt Stone fazendo as vozes de trocentos personagens... Se você é fã do seriado dos molequinhos desbocados, é quase certeza que você vai amar o filme dos bonecos.

Alguns atores conhecidos também "participam" do filme - ênfase nas aspas pelo fato de que nenhum dos atores representados no filme não ser dublado pelos seus respectivos seres de carne e osso. Aparecem no filme bonecos de George Clooney, Sean Penn, Alec Baldwin, Matt Damon, Susan Sarandon, entre outros - destaque para a aparição de Damon, cujas falas se resumem a repetir seu nome de maneira idiota. Estes atores aparecem como membros de um sindicato chamado Film Actors Guild (sigla "F.A.G." - sim, "fag" é "bicha" em inglês) que protesta contra as ações do Team America. Vale salientar a reação de alguns dos atores ao filme: George Clooney e Matt Damon não ligaram para a piada (Clooney inclusive disse que se sentiria ofendido se não fosse incluído no filme!); por outro lado, Sean Penn ficou puto, chegando ao ponto de mandar uma carta para Parker e Stone que se encerrava com um singelo "fuck you!".



Há vários momentos no filme dignos de menção. Um deles é o momento em que um bêbado explica para o protagonista que há 3 tipos de pessoas no mundo: dicks (que pode ser traduzido como "cacetes" ou "idiotas"), pussies ("xoxotas" ou "covardes") e assholes ("cus" ou "babacas"). Outro é quando Johnston precisa provar ao líder do Team America que é digno de confiança (não vou contar como, pois não quero estragar nenhuma surpresa...).

Também há a presença de momentos musicais no filme, com músicas com letras absolutamente hilárias - uma delas dizendo que os filmes do Michael Bay são um lixo, e outra que acompanha uma cena de sexo explícito entre dois personagens (Isso mesmo! Dois bonecos transando!) -, sendo o momento mais inesquecível a parte em que King Jong-il começa a se sentir solitário e a cantar (Parker sarcasticamente dizia que, se o verdadeiro King Jong-il visse o filme, ele iria se emocionar porque finalmente alguém o teria entendido). A cena se encontra abaixo:


É por essas e outras que o filme merece ser assistido, a não ser que você seja uma pessoa sensível (eufemismo para "fresca" e "chata"). Também devo dizer que o filme não é recomendável para menores de idade (se você tiver menos de 18 anos, não conte para seus pais!). Um filme extremamente inteligente, sarcástico e engraçado que passou despercebido por aqui graças ao medo da Paramount em promovê-lo nos cinemas do Brasil.

America - FUCK, YEAH!


Trailer de "Team America"

sábado, 7 de setembro de 2013

Tom Clancy's Ghost Recon: Shadow Wars 3DS


Lançado em 2011 para o Nintendo 3DS pela Ubisoft,  o Ghost Recon: Shadow Wars tinha o propósito de atender um público em particular que gosta de jogos de estratégia em turnos. O jogo pertence a série de jogos Tom Clancy's, mas não segue um estilo diferente de seus irmãos. A mecânica do jogo faz lembrar os jogos Fire Emblem e Advance Wars para o Nintendo DS.

Aclamado pela crítica (Gamespot, IGN, NintendoBlast, Nintendolife) como um bom jogo de entrada para o 3DS, o Ghost Recon: Shadow Wars realmente possui algumas qualidades que o destacam dos demais jogos para 3DS:
  • Bom balanceamento de dificuldade não faz o jogador desistir do jogo.
  • Após finalizar o modo campanha, há disponível missões solo que vão render ainda muitas horas de diversão.
  • 3D agradável aos olhos (não falo da qualidade dos gráficos em si, mas sim que o 3D implementado no jogo é mais de profundidade do cenário do que de imagens saltando na tela do aparelho).
  • Para finalizar a campanha leva-se no mínimo 20 horas no modo fácil, mas a média pode ficar em torno de 40 horas de jogo. Se juntar com os extras, chega facilmente a 50-60 horas no total. Algo excelente se comparado aos jogos curtos (10 horas) que existem para o Nintendo 3DS.
 
Imagem retirada do site daUbisoft

Nem tudo é mil maravilhas, os gráficos lembram os jogos para DS, o multiplayer foi feito para se jogar apenas no mesmo aparelho sem disponibilizar a opção de rede local ou Internet. E por fim, a história no modo campanha é confusa e às vezes dispensável.

Estamos em Setembro de 2013 e afirmo que, mesmo com os ótimos lançamentos recentes para o 3DS, o Ghost Recon: Shadow Wars ainda continua sendo uma boa opção de jogo para quem gosta de estratégia. Ainda mais agora, que o jogo deve estar mais barato por não ser lançamento. Recomendo a todos!



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

The Death and Return of Superman (2011)


Todos devem saber a maluquice que é acompanhar as sagas dos principais quadrinhos americanos, principalmente por conta do morre-ressuscita constante de vários personagens das HQs. Essa "Jesus-Cristização quadrínica" que vira e mexe acontece se deve principalmente a uma saga lançada nos EUA em 1992: "A Morte do Superman".

Como o nome já diz, a citada storyline mostra o Superman morrendo. Basicamente, foi uma maneira de a DC Comics fazer o "chato" personagem ficar mais interessante e aumentar as vendagens de seus gibis. Claro que isso foi anunciado como uma bomba - eu mesmo era bem pequeno (tinha uns 7 anos), mas me lembro de telejornais falando disso. Foi um marketing extremamente bem sucedido por parte da DC, pois, assim que saiu a história, ela vendeu como água no deserto - um sucesso estrondoso! O problema é que depois eles deram um jeito escroto de fazer o Superman voltar a viver, e aí já viu, né?! Tome reclamação das pessoas que compraram a HQ com a morte do Supinho.

Pois bem, em 2011, Max Landis, filho do lendário e fodão cineasta John Landis (Os Irmãos Cara-de-Pau, Um Lobisomem Americano em Londres, etc.), chamou um pessoal e fez um curta-metragem sobre a supracitada saga e as consequências geradas por ela, com o nome The Death and Return of Superman (queriam que se chamasse o quê? "Sorvete de Uva"?). Basicamente, o curta mostra um monólogo de Max Landis sobre a saga intercalando com imagens de atores encenando de maneira tosca os eventos narrados por ele. A maneira usada por Landis para contar a história é hilária, parecida com aquelas conversas em mesa de bar (já experimentou conversar sobre filmes, quadrinhos, música, enquanto toma umas cervas? É desse jeito) - não à toa, ele aparece bebendo uísque enquanto fala. As encenações das cenas descritas fazem jus ao modo como o "Júnior" as conta: atuações toscas e exageradas com figurinos ridículos. Muito bacana!

Algo bem legal em The Death... é notar algumas caras bem conhecidas, como Elijah Wood, Mandy Moore, Simon Pegg e Ron Howard, atuando da maneira mais anti-profissional possível. Fica impossível não imaginar algo como "Cacete! O Frodo tá participando DISSO?!"

Porém, o mais legal é a crítica inteligentíssima contida no curta. Além de criticar a qualidade da saga, Max Landis põe o dedo na ferida das editoras ao mostrar o quanto o fã pode ser desrespeitado na busca incessante por atenção e dinheiro. E tudo isso de maneira bem-humorada e criativa. Pelo visto, o talento do paizão foi herdado pelo jovem Landis.

Agora, a parte mais bacana: o curta está disponibilizado na íntegra (e legendado, pra quem não domina o idioma bretão) no Youtube. E eu sou tão legal que coloquei o vídeo aí embaixo para vocês se deleitarem. De nada!


PS: Alguém notou a propaganda do filme Chronicle (roteirizado pelo Max Landis) no vídeo? Esse filme foi lançado no Brasil como Poder sem Limites.