Obra-prima do metal - não há outra maneira de classificar o disco Holy Land. Uma obra na qual criatividade e amadurecimento musical andam de mãos dadas. E o mais legal: foi feito por uma banda brasileira.
Surgida em 1991, o Angra é uma das bandas mais importantes do país, responsável por aumentar a visibilidade das bandas de metal nacionais para o mundo - visibilidade esta conseguida pela explosão mundial do Sepultura. A banda formada por estudantes de música que tinha como vocalista o antigo vocalista do Viper, André Matos, começou fazendo um power metal mais tradicional, mas aos poucos foram acrescentando ritmos brasileiros à sua música, o que pode ser observado no seu disco de estreia, o clássico obrigatório Angels Cry, de 1993. No entanto, foi no disco seguinte que a banda mostrou todo o seu potencial e sua criatividade ao fundir vários gêneros e mostrar um "metal melódico" bem brasileiro mesmo.
Lançado em 1996, Holy Land é um álbum conceitual cujo tema é o Brasil na época do descobrimento - tal referência pode ser notada logo de cara, ao se visualizar a arte da capa. As faixas trazem uma fusão de power metal tradicional (com pitadas de progressivo) com ritmos brasileiros (ritmos indígenas, baião, MPB, etc.), não esquecendo a inclusão de passagens de música clássica, simbolizando a Europa da época. A mistura se mostra muitíssimo inspirada, gerando ótimas músicas, como "Carolina IV", "Nothing To Say", "The Shaman" e outras, com um desempenho ímpar por parte dos músicos.
Enfim, trata-se de um disco cuja audição é obrigatória e que mostra que é possível misturar heavy metal com ritmos folclóricos nacionais, sem ficar a dever em nada para as bandas europeias que fazem algo semelhante (misturar metal com as respectivas referências culturais de seus países). É uma pena que o power metal seja tão mal-visto pelos críticos (diga-se que com certa razão, pois é um gênero que se notabiliza pela falta de novidades na musicalidade, com bandas novas talentosas, mas fazendo "mais do mesmo", fechando os olhos dos outros para o que é feito pelas bandas mais inovadoras, como é o caso do Angra). Se você também tem um pé atrás com o power metal, dê uma chance a esse disco.
Setlist:
- Crossing
- Nothing to Say
- Silence and Distance
- Carolina IV
- Holy Land
- The Shaman
- Make Believe
- Z.I.T.O.
- Deep Blue
- Lullaby for Lucifer
A banda: