quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Team America: Detonando o Mundo ("Team America: World Police", 2004)


Em tempos de tensão mundial a respeito de mais uma possível intervenção militar dos EUA e da revelação dos atos de espionagem estadunidenses, não é difícil lembrar de um filme que satiriza justamente essa fama do país do Tio Sam querer ser a "polícia do mundo": estou falando, é claro, de Team America: Detonando o Mundo.

Criado por Trey Parker e Matt Stone, as mentes que deram origem à série South Park (desenho animado que, na minha humilde e honesta opinião, conseguiu superar Os Simpsons nas críticas ao American way of life), o filme mostra, como diz o título original (Team America: World Police), um grupo de americanos (chamado, lógico, de Team America) cuja função é policiar o mundo, combatendo aqueles que ameaçam a paz mundial - ou seja, terroristas. Precisando de um membro novo (o anterior havia morrido na primeira missão mostrada no filme), a equipe recruta Gary Johnston, um ator da Broadway, para participar de uma operação no Oriente Médio. E aí começam vários eventos, culminando no confronto com o vilão do filme, King Jong-il (!!!!), o então ditador da Coréia do Norte, que no filme é mostrado como o maior financiador dos grupos terroristas espalhados pelo mundo.


Ah! Ia me esquecendo de um detalhe: os personagens são MARIONETES que andam por cenários de miniatura, e o filme não se preocupa em esconder os fios que movimentam os bonecos.

(E se você pensou no seriado Thunderbirds, parabéns! Essa foi a maior inspiração para o visual do filme.)


Pelos parágrafos acima, já dá para imaginar que a obra é uma sátira aos filmes de guerra patrióticos produzidos em Hollywood - principalmente aos filmes dirigidos pelo Michael Bay. Aqueles diálogos piegas sobre o dever de amar o país, com música de fundo pomposa ilustrando que o discurso em questão é lindo e tal, entrecortados por aqueles planos em câmera lenta, ou aqueles momentos em que um personagem fala de um problema ou de uma lembrança, ao mesmo tempo em que começa a tocar uma música dedilhada no violão, as explosões costumeiras... tudo que você vê nos filmes do Michael Bay tentando te comover aparece aqui - claro que em Team America o objetivo é outro: sacanear e fazer o espectador rir.



Além disso, Team America satiriza o desconhecimento do estadunidense sobre os outros países no planeta. Um exemplo: quando outros países são mostrados, seus monumentos mais conhecidos são mostrados todos na mesma área! Isto pode ser visto no início do filme, quando a equipe "visita" Paris atrás de terroristas: o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel e o Museu do Louvre ficam praticamente no mesmo quarteirão. Genial!

Outra coisa que merece ser notada é como o filme retrata os diálogos em língua estrangeira. Os diálogos em francês são um amontoado de "sacre bleu", "oh la la" e "mon dieu", entre outras expressões francesas; os personagens árabes disparam uma enorme quantidade de falso árabe entremeada com "Mohammed" e "jihad"; os coreanos falam em um idioma que poderia ser chamado de "você-fingindo-que-é-chinês"; e assim vai... E claro que os coreanos, quando falam inglês, trocam o R pelo L (e vice-versa)! Afinal, o filme também satiriza esteriótipos de estrangeiros na terra do McDonalds.


Quem já viu South Park já tem ideia do tipo de humor que vai encontrar em Team America: linguagem e cenas explícitas, piadas afiadas, cenas que não escondem a tosqueira da parte técnica, Trey Parker e Matt Stone fazendo as vozes de trocentos personagens... Se você é fã do seriado dos molequinhos desbocados, é quase certeza que você vai amar o filme dos bonecos.

Alguns atores conhecidos também "participam" do filme - ênfase nas aspas pelo fato de que nenhum dos atores representados no filme não ser dublado pelos seus respectivos seres de carne e osso. Aparecem no filme bonecos de George Clooney, Sean Penn, Alec Baldwin, Matt Damon, Susan Sarandon, entre outros - destaque para a aparição de Damon, cujas falas se resumem a repetir seu nome de maneira idiota. Estes atores aparecem como membros de um sindicato chamado Film Actors Guild (sigla "F.A.G." - sim, "fag" é "bicha" em inglês) que protesta contra as ações do Team America. Vale salientar a reação de alguns dos atores ao filme: George Clooney e Matt Damon não ligaram para a piada (Clooney inclusive disse que se sentiria ofendido se não fosse incluído no filme!); por outro lado, Sean Penn ficou puto, chegando ao ponto de mandar uma carta para Parker e Stone que se encerrava com um singelo "fuck you!".



Há vários momentos no filme dignos de menção. Um deles é o momento em que um bêbado explica para o protagonista que há 3 tipos de pessoas no mundo: dicks (que pode ser traduzido como "cacetes" ou "idiotas"), pussies ("xoxotas" ou "covardes") e assholes ("cus" ou "babacas"). Outro é quando Johnston precisa provar ao líder do Team America que é digno de confiança (não vou contar como, pois não quero estragar nenhuma surpresa...).

Também há a presença de momentos musicais no filme, com músicas com letras absolutamente hilárias - uma delas dizendo que os filmes do Michael Bay são um lixo, e outra que acompanha uma cena de sexo explícito entre dois personagens (Isso mesmo! Dois bonecos transando!) -, sendo o momento mais inesquecível a parte em que King Jong-il começa a se sentir solitário e a cantar (Parker sarcasticamente dizia que, se o verdadeiro King Jong-il visse o filme, ele iria se emocionar porque finalmente alguém o teria entendido). A cena se encontra abaixo:


É por essas e outras que o filme merece ser assistido, a não ser que você seja uma pessoa sensível (eufemismo para "fresca" e "chata"). Também devo dizer que o filme não é recomendável para menores de idade (se você tiver menos de 18 anos, não conte para seus pais!). Um filme extremamente inteligente, sarcástico e engraçado que passou despercebido por aqui graças ao medo da Paramount em promovê-lo nos cinemas do Brasil.

America - FUCK, YEAH!


Trailer de "Team America"

Nenhum comentário:

Postar um comentário