domingo, 13 de outubro de 2013

Black Sabbath - TYR (1990)


(Continuando a revisão de alguns textos antigos, trago agora uma resenha publicada em outubro de 2010 - devidamente editada e corrigida, claro!)

Uma referência para todas as bandas de Heavy Metal, mesmo que indiretamente - é dessa forma que o Black Sabbath é reconhecido. Tida como a inventora do Metal (há quem discorde, incluindo os integrantes), a banda inovou no cenário do rock ao distorcer seus instrumentos, falar abertamente de temas mais obscuros em suas letras (embora outros já tenham feito isso antes, o Sabbath foi mais descarado) e tocar um "troço" que ninguém nunca tinha ouvido antes. Pronto! Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne plantaram a semente de um novo gênero musical.

O fato é que, com o passar do tempo, a banda mudou sua sonoridade e, depois da saída do vocalista Ozzy Osbourne, houve um troca-troca intenso de integrantes que incomodou muitos fãs. O único que gravou todos os discos do Black Sabbath foi o guitarrista Tony Iommi. Citando somente vocalistas, passaram por lá Ronnie James Dio, Ian Gillan, Glenn Hughes, Dave Gillen, Ron Keel e Tony Martin, entre outros. Por causa disso, muitos fãs torceram o nariz e viraram as costas para os outros trabalhos da banda.

Chegamos ao ponto desejado! É fato que a banda, ao longo dos anos, ficou bastante descaracterizada, mas isto não quer dizer que a banda ficou ruim. Os discos produzidos nessa época de instabilidade foram bons (alguns nem tanto...), e os músicos que passaram pelo Sabbath se caracterizavam por serem ótimos instrumentistas/vocalistas. Dentre eles, posso afirmar com certeza que o mais injustamente criticado foi Tony Martin. Discorda? Vamos ao disco, então.

Alem de Martin e Iommi, a formação do Sabbath nessa época (1990) era composta por Geoff Nicholls (teclados), Cozy Powell (bateria) e Neil Murray (baixo). Depois de um álbum relativamente bem-sucedido (Headless Cross, de 1988), a banda grava TYR, que conta com a produção de Iommi e Powell, assim como o disco anterior. Ao contrário do que muitos pensam, TYR não é um disco conceitual que trate de mitologia nórdica. Esta, sem dúvida, se faz presente na bolacha, mas há também músicas que tratam de cristianismo e de czares (vai me dizer que czar é algo nórdico?).

Mas o disco é bom? Eu digo: É ÓTIMO! A banda foi bem em todas as músicas do álbum. TYR já começa com "Anno Mundi (The Vision)". Sua letra apocalíptica casa bem com seu arranjo, que se inicia com um dedilhado de guitarra e um "coro" (leia-se: o vocal duplicado de Tony Martin) cantando o verso "Spirictus Santus Anno Anno Mundi" repetidamente, enquanto entra Tony Martin cantando de mansinho. Do nada, Cozy entra com a bateria e o peso começa. Já nessa faixa, você vê que Martin canta muito.

Depois vem "The Law Maker", mais acelerada e se mantendo assim até ao final. Em seguinda, "Jerusalem" - pesada e cadenciada, lembrando o disco Headless Cross. A banda continua a mostrar que está bem coesa.

Aí chega "The Sabbath Stones" (minha preferida...). As palhetadas de Tony Iommi, embora sejam mais comedidas do que de costume, dão o clima perfeito para a música, assim como a bateria de Cozy Powell. Só escutando para saber a sensação...

Agora chegamos à mitologia nórdica propriamente dita do álbum! Trata-se da trinca formada pelas faixas "The Battle of Tyr", "Odin's Court" e "Valhalla". A primeira é uma vinheta instrumental, enquanto a segunda é, basicamente falando, um violão dedilhado acompanhado pelo vocal de Tony Martin apresentando a corte de Odin. Daí entra "Valhalla", que é mais ou menos no mesmo estilo de "The Sabbath Stones". Acho que foi melhor que a abordagem à mitologia nórdica se resumisse a apenas um trecho do álbum em vez de um disco inteiro, pois acredito que a banda não faria tão bem um álbum conceitual de temática viking.

A faixa seguinte é a balada "Feels Good to Me", que, segundo a banda, só entrou no disco para ser lançada como seu single. Musicalmente, não tem nada a ver com o resto do álbum, mas isso não desmerece a música. Ela é boa, sim, e deixa muita banda "baladeira" no chinelo.

Fechando TYR, Heaven in Black (a do czar... :P). Fecha o disco, além de contar com uma ótima introdução de bateria. Belo encerramento para o disco!

Resumindo: se você gosta de metal bom, mas diz que o Sabbath só presta com Ozzy, deixe de ser preconceituoso e ouça TYR! Apesar de estar musicalmente distante dos discos com a formação original, é um álbum extremamente competente na função de mostrar música boa.

A banda:

  • Tony Iommi: guitarras
  • Tony Martin: vocais
  • Neil Murray: baixo
  • Cozy Powell: bateria e percussão
  • Geoff Nichols: teclados

O setlist:

  1. Anno Mundi (The Vision)
  2. The Law Maker
  3. Jerusalem
  4. The Sabbath Stones
  5. The Battle of Tyr
  6. Odin’s Court
  7. Valhalla
  8. Feels Good to Me
  9. Heaven in Black


Nenhum comentário:

Postar um comentário