sábado, 8 de novembro de 2014

Pink Floyd - The Endless River (2014)



Sim, senhores! O Pink Floyd lançou mais um disco, depois de 20 anos de lançamento de seu último lançamento de estúdio, o belo The Division Bell. O anúncio do lançamento de The Endless River foi um choque para todos, pois a banda ficou inativa depois da turnê que gerou o vídeo/disco ao vivo Pulse, em 1995 - descontando, é claro, o mini-show com a reunião da formação clássica do Floyd no Live 8 -, e também pelo fato de guitarrista e vocalista David Gilmour negar zilhões de vezes que a banda se reuniria para alguma turnê ou disco.

Após a surpresa gerada pela notícia, os admiradores do conjunto ficaram pensando como seria o disco, principalmente depois que foi dito que The Endless River seria um disco que teria como base gravações da época do LP The Division Bell que ficaram de fora deste álbum, servindo, de acordo com Gilmour, como uma homenagem ao tecladista Richard Wright, morto em 2008. Houve quem imaginasse que o baixista e vocalista Roger Waters (o qual saiu da banda em 1983) poderia participar das gravações, o que foi prontamente negado por este. Também se especulou sobre a qualidade do disco, pois, além de ser um disco baseado em "sobras" de gravação, ele seria quase que totalmente instrumental. O fato é que, após o anúncio, The Endless River se tornou o álbum com a maior pré-venda da história da filial britânica da loja virtual Amazon, mostrando a importância de uma banda "defunta" que marcou história na música.

Bom, se você, caro leitor, não abandonou esta postagem depois de tanto blá-blá-blá, é porque está querendo realmente saber a opinião deste blogueiro de bosta sobre o álbum. Então, já que insiste, eu a darei nos parágrafos abaixo. :)

Todos sabemos da qualidade instrumental do Pink Floyd, obviamente, e ninguém esperaria um instrumental ruim vindo de uma banda tão competente. O que se temia era uma possível coleção tosca de sobras de estúdio visando somente lucrar com base no fanatismo daqueles que querem tudo lançado pelo Floyd. Se esse era o seu temor, pode ficar tranquilo: The Endless River é uma coleção de músicas agradáveis e executadas brilhantemente pelos trio Gilmour/Wright/Nick Mason, juntamente com seus músicos de apoio, destacando-se os ótimos solos de guitarra e os belos arranjos de teclado.

O disco, também lançado em vinil duplo, é dividido em quatro "lados"; cada lado pode ser considerado como uma suíte composta pelas faixas que o compõe. Essa divisão ficou bem interessante, pois cada conjunto de faixas ficou bem coeso, e a divisão das suítes ficou bastante coerente. Pessoalmente, o que mais me agradou foi o "Lado 3", no qual consta a já divulgada faixa "Allons-Y (1)".

Falando em faixa já divulgada, "Lost for Words" a única música em que David Gilmour canta no disco, é legal - lembrando os dois álbuns anteriores do Pink Floyd, lançados após a saída do então lider Waters da banda -; no entanto, não é tão empolgante e nem pode ser considerado o ponto alto de The Endless River, muito embora seja um fechamento digno para o álbum (sem contar as faixas bônus da edição deluxe - falo sobre elas já, já).

Há também duas faixas contendo falas do físico Stephen Hawking, "Things Left Unsaid" e "Talkin' Hawkin'", o que remete à faixa "Keep Talking", do The Division Bell, também com a participação dele. Além disso, há uma boa faixa que chama a atenção justamente pelo seu título: "Autumn '68" (para quem não sabe, há no disco Atom Heart Mother uma faixa chamada "Summer '68", escrita e cantada por Richard Wright).

Deve-se ressaltar que a produção do disco merece os parabéns. David Gilmour exerceu a função junto com Andy Jackson (que já havia trabalhado com o Pink Floyd antes), Phil Manzanera (colaborador de Gilmour e conhecido principalmente por ter sido membro do Roxy Music e pela sua carreira solo) e Martin "Youth" Glover (membro do Killing Joke e produtor de artistas/bandas como The Verve, Marilyn Manson e Dido). O quarteto conseguiu deixar o disco soando bem, fazendo com que ele, como dito anteriormente, soasse lógico e coeso, e não um mero caça-níqueis com um punhado de faixas descartadas.

Porém, apesar dos elogios, é preciso salientar que o álbum não pode, de forma alguma, ser considerado como essencial. É bem bacana, melhor do que alguns discos anteriores do Floyd, como More, Obscured by Clouds e A Momentary Lapse of Reason. Arrisco até dizer que The Endless River é melhor do que o último disco com Roger Waters, The Final Cut, mas devo alertar que é um disco que, além de não se comparar a clássicos como Animals, Dark Side of the Moon e Wish You Were Here, pode ser meio incômodo para alguns por ter música instrumental. Eu definiria o álbum como "versão música ambiente do The Division Bell". É um álbum para se ouvir relaxando, curtindo as nuances das músicas que o compõem, além de uma bela maneira de lembrar não só do falecido Richard Wright, mas também de uma das bandas mais importantes que já passaram pelo planeta.

PS: A edição deluxe contém três faixas bônus: a encheção de linguiça "TBS9", a bacaninha "TBS14" e a ótima "Nervana", a qual poderia ter entrado no set-list padrão do álbum.

Set-list:

SIDE 1:

1. Things Left Unsaid
2. It's What We Do
3. Ebb and Flow

SIDE 2:

1. Sum
2. Skins
3. Unsung
4. Anisina

SIDE 3:

1. The Lost Art of Conversation
2. On Noodle Street
3. Night Light
4. Allons-y (1)
5. Autumn '68
6. Allons-y (2)
7. Talkin' Hawkin'

SIDE 4:

1. Calling
2. Eyes to Pearls
3. Surfacing
4. Louder Than Words

FAIXAS BÔNUS:

1. TBS9
2. TBS14
3. Nervana




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